terça-feira, 4 de julho de 2017

Mãe de Dois há 50 dias


     Filho mais velho visitando a avó, filho mais novo dormindo, marido assistindo a uma série e eu aproveitando essa folguinha para refletir sobre a intensidade desses últimos dias! 
      Na verdade não consegui concluir esse texto no mesmo dia em que comecei, mas faz parte da vida de mãe!
     Quando decidimos aumentar e completar a nossa família, sabíamos do que nos esperávamos, mas eu não imaginava o quão intenso tudo seria!
      São tantas emoções misturadas desde o primeiro dia em que o Théo chegou para nós, a começar pelo primeiro dia, quando o Davi chegou ao hospital para conhecê-lo! Davi viveu a gestação comigo, participou e, assim com nós, ele também esperava pelo mano.
      Chegou tão entusiasmado para conhecer o Théo, eufórico e admirado que "o ovo" havia se quebrado!
      A chegada em casa também foi muito esperada e o mano Théo ainda trouxe presentes para o mano Davi que adorou a surpresa e recebeu muito bem o irmão.
      No entanto, logo na primeira semana o Davi contraiu uma gripe muito forte e foi muito difícil limitar o contato entre eles e, mesmo com todos os cuidados, o mano com apenas 5 dias também começou a apresentar sintomas!
       Davi não pôde ir para escola por uma semana e na semana seguinte Théo estava gripado, exigindo muita atenção, afinal para um recém nascido poderia ser muito perigoso.
       O levamos a pediatras, plantão pediátrico, precisamos aspirá-lo algumas vezes, mas Graças ao bom Deus nosso bebê foi forte e não necessitou de internação e se recuperou bem.
       Confesso que foram dias difíceis, não estava preparada para encarar doenças, assim logo de início, e naquele momento do puerpério estava bastante sensível, emotiva, chorava por qualquer coisa, me sentia culpada por não ter evitado que o Théo pegasse o vírus, mas como poderia ambos morando na mesma casa? Hoje vejo isso, mas naqueles dias me sentia culpada, me sentia culpada por submeter o Davi tão cedo a dividir sua mãe, seu pai, as atenções.
        Porém, o Davi me fez perceber com o passar dos dias que ama o irmão e que está encarando muito bem essa situação para sua pouca idade. 
        Fomos nos adaptando, aprendendo demais com essa nova experiência e aos poucos estamos ajustando o nosso lar. 
       Com o passar dos dias aquele estado pós parto foi passando, as emoções começaram a se equilibrar e hoje estou curtindo cada momento. Não é tão fácil estar com duas crianças pequenas em casa, principalmente quando o Vítor não está, mas quem disse que seria? 
        No entanto, ao mesmo tempo, percebo que juntos estamos criando o nosso próprio sistema, a nossa rotina enquanto família e que, aos poucos, as coisas vão ficando mais simples e leves.
      Percebo que o Davi, embora muitas vezes precise ser dura com ele, pois está no auge da adolescência dos 02 anos, está assumindo o papel do irmão mais velho, querendo participar, demonstrando preocupação com o irmão e parece entender bem que aquele pequeno ser depende de nós e precisa da nossa atenção também. 
       Vejo que essa talvez seja uma das questões mais preponderantes para muitos casais na hora de decidir aumentar a família, isto é, como o filho mais velho reagirá e como nós lidaremos com a situação, se saberemos dar a atenção merecida. 
       Pois bem, depois de 50 dias vivendo as mais diversas emoções posso dizer que começo a perceber que talvez a divisão dessa atenção seja o que de melhor podemos proporcionar ao  filho mais velho, como?
        Sim, não significa que vamos dar menos atenção ao filho que até então era único, mas significa que esse filho deixará de ser o centro do universo daqueles pais e isso pode ser muito positivo na medida em que o mundo não gira ao nosso redor e podemos fazer com que essa criança não se torne um adulto egocêntrico e, mais do que isso, podemos proporcionar a esse filho a experiência de ter alguém que venho do mesmo lugar que você, alguém com quem poderá partilhar memórias e que será sua ponte para com o passado, para com sua infância, elo que esperamos que se estenda para o futuro.
       Não estou dizendo que filhos únicos serão egocêntricos, pois tudo dependerá da forma como os pais vão conduzir esses filhos, porém a minha experiência de família e de vivência com  meu irmão me fazem ter a certeza da importância desse elo.
       Claro que o filho mais velho necessitará de apoio, de compreensão e muito carinho. Acredito que prepará-los bem durante a gestação seja muito importante também, pois o Davi esperou muito pelo irmão, conversamos muito e hoje ele se refere ao mano como o "meu Théo", ou seja, ele entende que o mano é nosso e que precisamos cuidar dele.  
       A cada dia percebo que cresço e aprendo um pouco mais como mãe, percebo que precisamos viver um dia de cada vez e, principalmente, fazer de cada dia especial, pois podemos encontrar algo especial em um simples acontecimento daquele dia e será isso que integrará e marcará nossas memórias.
       Li em algum lugar que as pessoas desejam a felicidade e sempre esperam que a felicidade seja alcançada após concluirmos algo, ou seja, após o casamento, após a formatura, após... mas na verdade a felicidade pode estar presente enquanto a vida acontece!
Boa semana, 

Por Monique Carasai